Pode parecer modéstia mineira, timidez alterosa, mas não: São João del-Rei sabe, com orgulho, que marca para sempre a lembrança e a memória dos que a visitam. Quem conhece São João del-Rei jamais esquece.
Isto é o que diz o historiador Antônio Gaio, no poema abaixo.
São João del-Rei
"contempla estas ruas,
vê quantas igrejas,
erguidas às custas
de negras pelejas,
em pedra sabão!
Divaga teus olhos
nas serras e monte,
na lua que sobe,
além, no horizonte,
num lindo clarão.
Escuta os foguetes
que estouram no espaço
e a banda que passa,
marcando compasso,
seguindo o andor.
Afina os ouvidos
no toque dos sinos,
chamando-nos todos
aos cultos divinos
de Nosso Senhor!
Aspira o perfume
cheiroso do incenso -
terrestre jardim!
Aguça o oufato
aprecia o cheirinho
do místico rosmaninho
do rústico alecrim!
Degusta as amêndoas
do belo cartucho
que para as crianças,
pintado com luxo,
é um mimo do céu.
Apura o teu gosto
e o prazer do que comes
reparte com o irmão
que sucumbe de fome
nas ruas, ao léu!
Abraça quem amas,
não mates ninguém.
E quanto puderes,
redordas também
que a vida é um dom.
Expõe tua pele
ao calor do estio
carícias do vento
ou do sol, no no frito
sentirque é tão bom.
Recebe, amigo,
esta minha mensagem,
que fiz para ti,
qual singela homenagem
de meu coração.
E quando te fores,
por onde passares,
dirás com saudade
talvez nos olhares:
- Estive em São João!
(Transcrito do folheto Clube Café Soberano - Ano 18 / nº 44 / fev 2013)