terça-feira, 14 de janeiro de 2014

São João del-Rei, 300 Anos - Homenagens merecidas


Muita coisa bela se produziu e veiculou para homenagear, com justiça e dignidade, a lembrança dos 300 anos da elevação do Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar a vila de São João del-Rei, ocorrida a 8 de dezembro de 1713. O vídeo abaixo, divulgado pela Secretaria Municipal de Turismo e Cultura, da Prefeitura Municipal, é um belo exemplo. Veja só:

terça-feira, 31 de dezembro de 2013

Reis de ontem, hoje e amanhã, em folia e festa, cantaram e dançaram os 300 anos da Vila de São João del-Rei

Quando o assunto é cultura, São João del-Rei é plural, múltipla e diversa de expressões e manifestações. Sendo assim, não poderia se imaginar outra coisa: foram muito variadas as atividades culturais que celebraram os 300 anos da elevação do Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar à Vila de São João del-Rei.

Cortejos, missas barrocas, retretas, recitais, concertos, shows, exposições, lançamento de livros e cartazes, palestras, especiais nas TVs local e regional, suplementos temáticos na imprensa local, homenagens, torneios esportivos, ações socioculturais de educação patrimonial - tudo foi realizado, mais concentradamente no último mês de 2013, para comemorar - com significado, pompa e dignidade - uma efeméride tão importante para a história são-joanense.

Um dos últimos eventos realizados com este objetivo foi o Encontro de Folias de Reis e Pastorinhas do Campo das Vertentes. que aconteceu na noite do sábado, 28 de dezembro, em um coreto montado em frente à Casa de Bárbara Eliodora. Tradicionalmente organizado pela ONG Atitude Cultural como programação natalina, em 2013 o encontro teve um brilho especial. Nele, se apresentaram, saudando o acontecimento, oito grupos locais de Folia de Reis, entre eles um exclusivamente feminino. De matriz portuguesa e notória influência estética e sonora agropastoril, estes grupos representam uma face importante da cultura popular de raiz de São João del-Rei, edificada em uma tradição distante, evidenciada pela idade da maioria dos "capitães e comandantes".

Aos grupos são-joanenses se juntaram dois outros, vindos espontaneamente de Juiz de Fora com a linguagem visual, coreográfica, acrobática e sonora que espelha o tempo presente e a cultura de massa predominante no colar socioeconômico que envolve as médias e grandes cidades. Cores fortes, brilhos, movimentos frenéticos,. Música religiosa popular, na batida funk, misturada à percussão folclórica. Rapazes pobres, comprometidos, imersos e mobilizados pela causa da nova forma de evangelização por meio da cultura urbana. Tudo sem perder de vista o inapagável lume das folias antigas e sob a batuta de líderes comunitários mais maduros e respeitados, inclusive em tempo vivido.

Múltipla, plural e diversa - tanto que construiu uma temporária territorialidade popular em um de seus territórios mais barrocos (o Largo São Francisco) - São João del-Rei mostrou como no universo que a cidade é há lugar para tudo e para todos. Para o antigo e para o contemporâneo. Para o sagrado e para o profano. Para o erudito e para o que brota da alma do povo. Desde que haja respeito e harmonia...

Veja, neste link http://www.youtube.com/watch?v=VbntqMfPuCE#t=30 um flash de uma das neo-Folia de Reis que participaram do encontro.

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Foto: http://saojoaodelreitransparente.com.br/files/images/Folia_de_Reis_e_Pastorinhas.jpg

sábado, 28 de dezembro de 2013

Coração são-joanense: no silêncio das palavras, Tiradentes saúda 300 anos da Vila de São João del-Rei


Joaquim José da Silva Xavier, o alferes Tiradentes, nasceu na Fazenda do Pombal. Era novembro de 1746 e, naquela época, a fazenda ficava em terras que pertenciam à Vila de São João del-Rei. Que saudação o "animoso alferes" faria sua terra natal, pelos 300 anos da elevação do Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar à Vila de São João del-Rei? A imaginação permite imaginar...

"Terra minha, adorada, de onde há 267 anos vi, pela primeira vez, o sol cruzar o céu de oeste a leste. De onde também vi, na mesma ocasião e pela primeira vez, no luzeiro celeste, clave de lua prateada numa pauta de estrelas brilhantes, sustenidas, solfejadas de luz.

Hoje, com 300 anos, São João del-Rei é minha pátria neste mundo. Por ela, em memória eu semeio e cultivo os sonhos de grandeza, dignidade, abundância, humanismo, harmonia e fraternidade.

Meu coração são-joanense bate como o sino dos Passos, anunciando a aurora que se deseja para todas as almas desta terra. Festivo pelos três séculos da elevação do Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar à Vila de São João del-Rei, parece o sino do Rosário repicando alegre o Tencão do Natal de Nosso Senhor Jesus Cristo.

Aliás, tal qual um sineiro, é com as batidas, pancadas, dobres  e repiques de meu coração que eu saúdo os 300 anos da quarta vila instituída em Minas Gerais - minha idolatrada São João del-Rei!"


Joaquim José da Silva Xavier
São-joanense. Alferes Tiradentes


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Ilustração: Batismo de Cristo - tapete de areia colorida, obra do artista Fernando Pedersini

Coração são-joanense: imaginário suspiro de Bárbara Eliodora pelos 300 anos da Vila de São João del-Rei


Dos nomes que povoam a história de São João del-Rei, o de Bárbara Eliodora é dos mais emblemáticos. Numa licença poética, este blog imaginou uma mensagem que o coração são-joanense da poetisa inconfidente possivelmente endereçaria à cidade de São João del-Rei.

"Das campinas estreladas do sem-fim, sorrio uma brisa pelos 300 anos da Vila de São João del-Rei. Então, exala de minha volta perfumes de jasmins e manacás dos antigos jardins do Largo da Cruz.

Percebo que minha alma suspira halos de incenso como o que costuma cobrir com um véu de fumaça o andor do Senhor dos Passos quando a Orquestra Ribeiro Bastos executa o Popule Meus, tanto que amo minha terra.


Três séculos se renovaram. Agora são outros tempos. Não uso mais diademas de ouro, alianças de prata, anéis de ametistas, broches de diamantes, camafeus de esmeraldas nem brincos de rubi. 


Da eternidade à memória, percorro todos os tempos, estou em toda parte. Mão me miro mais em grandes espelhos de cristal. Me vejo no brilho dos olhos das crianças, dos jovens, dos maduros e dos mais vividos da tricentenária São João del-Rei.
"

Bárbara Eliodora Guilhermina da Silveira
São-joanense. Poetisa inconfidente

sexta-feira, 27 de dezembro de 2013

Coração são-joanense: de São João del-Rei, tenho saudade até dos meus medos




                       "São João del-Rei é paixão, emoção e amor.

                       É saudade da minha infância pelas ruas da cidade e dos meus medos.
                       Eu não conseguia atravessar a ponte do Grupo Escolar João dos Santos
                       e tinha muito - mas muito medo - quando ao passar pela Rua do Barro,
                       em sentido ao centro da cidade, via as copas da palmeiras do Largo de 
                       São Francisco. Ai que pavor... Hoje fico rindo só de lembrar!

                       Me sinto abençoada por ser são-joanense"



Rosalina Meireles            
São-joanense            

quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

Coração são-joanense: tricentenária e companheira cidade.


"São João del-Rei é meu berço natal. Nós, seus diletos filhos, aprendemos a amá-la e respeitá-la desde pequeninos. E ela, modesta e paciente, nos acompanhava quando, com nossos passos sonhadores, percorríamos suas vias históricas, sob o terno olhar dos anjos e santos da portada de seus templos  barrocos.Entre lições de vida, íamos também aprendendo a linguagem dos sinos: seus singelos símbolos sonoros.

É certo que ela jamais será aquela cidade onde parecia que todos se conheciam como nos tempos do inocente e provinciano "footing" da Avenida. São João muito progrediu. Não obstante o grande avanço urbano e demográfico, ela continua acolhedora, amiga e irradiar cultura.

Que São João del-Rei continue a projetar-se no cenário nacional e internacional através de seu rico patrimônio material e imaterial. E, acima de tudo, que ela continue assim: autêntica, mantendo sempre viva a sua tricentenária espiritualidade, sem jamais perder esse seu jeito todo especial de ser."

Hélio Conceição Silva
São-joanense. Professor.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

São João del-Rei 300 anos. Semana Santa merece ser Patrimônio Imaterial Brasileiro.



Cultura, tradição, religiosidade, pompa, fé, beleza, originalidade. As festas religiosas de São João del-Rei têm tudo isto, em tamanha profusão, que conferem à cidade uma posição única no cenário da cultura religiosa católica barroca - sem exagero - em todo o mundo. Procissões, novenas, rasouras, ladainhas, Te Deuns, tríduos, ofícios, vésperas, adorações - são raros os dias do ano civil em que não se realizam cerimônias litúrgicas tradicionais nas igrejas do centro histórico de São João del-Rei. Há dias, e não são poucos, em que ocorrem mais e uma celebração e em mais de uma igreja.

No Domingo de Passos, por exemplo, são duas rasouras, duas procissões que se unem na Procissão do Encontro e dois grandes sermões. Na Sexta-feira Santa são ofício pela manhã, celebrações das Sete Palavras, da Adoração da Cruz e cânticos diversos à tarde e, depois, Descendimento da Cruz e Procissão do Enterro. Ao todo, neste dia, costumam somar 11 horas de fé e ritual, com dois intervalos curtos.

As cerimonias da Festa de Passos e Semana Santa duram mais de 40 dias de atividades litúrgicas contínuas, que incluem Vias Sacras internas e externas, Encomendações de Almas, Procissões de Depósito, rasouras, Procissões, Ofícios e outras cerimônias tradicionais que, em todo o mundo, só foram conservadas ininterruptamente em São João del-Rei. Todas elas têm forte componente artístico-cultural local e muitas, inclusive, são obras de compositores locais, criadas nos séculos XVIII e XIX especialmente para as cerimônias da Matriz do Pilar. Elas são constituídas por um complexo e sofisticado sistema linguístico e ritual que inclui discurso e repertório voltados para todos os sentidos.

Os toques dos sinos de São João del-Rei juntaram-se aos de outras cidades mineiras e foram considerados Patrimônio Imaterial Brasileiro. O mesmo pode ser feito com as tradições religiosas, em princípio, por razões estratégico-operacionais, a Tradição da Quaresma, Festa de Passos e Semana Santa. Basta que a comunidade deseje e se mobilize para isto, informando-se sobre os procedimentos que são necessários para encaminhar ao Ministério da Cultura os documentos necessários para tal reconhecimento.

O que São João del-Rei e sua cultural ganham com isto? Muito!

Reconhecimento, visibilidade, respeito, auto-estima, consideração, destaque, projeção e, inclusive, a possibilidade de se obter apoios diversos para realizações e divulgações. Mas, principalmente, mais um instrumento legal e compromissos culturais nacionais e até mesmo internacionais, que muito podem colaborar para a continuidade, o mais viva, genuína e fiel possível de nossas ricas tradições religiosas. As solenes tradições de nossa terra!

Nos últimos dias do mês em que se comemora os 300 anos da elevação do Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar a Vila de São João del-Rei, quase véspera do Natal de 2013, o Blog São João del-Rei 300 Anos deixa aqui, como presente, esta sugestão.Os são-joanenses, que construíram e há três séculos vêm mantendo nossas tradições são competentes suficientemente para viabilizar sua inclusão no livro dos Bens Imateriais Brasileiros. E São João del-Rei merece!

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Foto: Marcinho Lima