Ao pernoitar na vila de São João del-Rei, verifiquei que o número da última porta da rua era 887 e concluí ser esse o número exato de portas do lugar, pois que é costume dos brasileiros numerarem as entradas e não as casas, propriamente. A aparência geral de São João é a de todas as vilas portuguesas da mesma categoria. As casas são baixas, caiadas de branco e munidas de janelas de rótula. As ruas são estreitas, torcidas, longe de uniformes, e muito escorregadias, sendo pavimentadas com grandes lajes lisas e azuis, com um canal ao meio.
O assento das casas é de tal modo irregular que elas dominam e devassam umas às outras, sendo as que mais alto se colocam escolhidas para sede de repartições públicas ou para residências particulares melhores. Muitas dessas possuem, quando não vidraças, venezianas pintadas, o que empresta uma alegria e graça à vila, que por outra forma lhe faltariam. Em meio dela corre um rio largo e raso, por sobre o qual se lançaram duas excelentes pontes de pedra. Não existe mercado público e as casas de comércio são geralmente acanhadas e escuras, sem janelas como as do Rio e, na sua grande maioria, são fornidas de gêneros.
(John Luccock, São João del-Rei, 1818)
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