domingo, 16 de dezembro de 2012

1713 / 1913 - Bicentenário da Vila de São João del-Rei


Há  cem anos, uma das homenagens a São João del-Rei por seu bicentenário como vila  foi o lançamento de um "álbum" impresso em que o autor "TB" apresentou diversos aspectos locais, mostrando como a cidade se via, era vista e se apresentava para Minas Gerais e para o Brasil. Talvez possa ser considerado a primeira publicação destinada à promoção turística da "cidade onde os sinos falam", onde o Córrego do Lenheiro era um fio de cristal transparente, que refletia o azul do dia ou a noite estrelada, sempre cantando sob as pontes de pedra. Mas naquele tempo não se falava em turismo...

Com muitas fotos e ilustrações, o livro referia-se ao desenvolvimento são-joanense nos mais nobres e importantes setores: comercial, industrial, educacional, de saúde, artístico e muitos outros, fazendo inveja às demais cidades mineiras daquela época. Citava personalidades que se destacavam em diversas áreas, enumerando com respeito e elegância seus grandes feitos.

Falava das tradições religiosas, demografia, atrativos naturais, urbanismo, instituições sociais, educandários, administração pública e comemorações cívico-sociais importantes - tudo documentado com fotografias que mostravam como São João del-Rei se preparou para a chegada do segundo milênio e  recebeu o século XX, em suas primeiras décadas.

Numa mensagem que teve como tema os 200 anos de instituição da Vila de São João del-Rei, o  "álbum" traz o seguinte texto:

Oito de dezembro de 1913 - O Bicentenário

No dia 8 de dezembro do corrente ano, a nossa formosa cidade festeja o bicentenário de sua elevação a vila. É uma data grandiosa, bem cara a seus filhos, que celebrarão condignamente a passagem de tão fulgurante efeméride.

Dois séculos são passados que a coroa imperial deu organização administrativa a nossa terra.

Num decorrer tão longo, nossa frondosa cidade poderia hoje ostentar luxuosos palácios e maior progresso, mas o sonho do grande conterrâneo, Tiradentes, que aqui queria erguer a capital da república por ele aspirada, interrompeu-se tragicamente.

Tragicamente, é verdade, mas seu glorioso exemplo frutificou. E a sua causa foi vitoriosa, não muito tarde.

Demais, o ouro era o principal elemento de vida das nossas cercanias. Em ânsias, atras dele, aqui vinham ondas de aventureiros. Porém o vil metal começou a desaparecer, e com ele também a população, que em outras terras, menos exploradas, foi procurá-lo.

A São João del-Rei não coube a glória de ser a capital da República, belamente idealizada pelo maior dos são-joanenses, pelo maior dos brasileiros.

Se nela, hoje, não se erguem os palácios do Governo, se nela não se agita o mundo oficial, tem a linda cidade uma população ordeira, laboriosa, feliz e incomparáveis belezas naturais.

Daqui também tem saído formosos talentos nas artes, nas ciências, nas letras, nas diversas manifestações da atividade humana.

Festejemos pois o dia que se aproxima. Que o bom Deus lance sobre nossa encantadora cidade suas bênçãos.

Festejemos pois o dia que se aproxima!, ele convida e conclama. Que este chamado ecoe junto a todos os são-joanenses - poder público, instituições culturais, setor econômico, comunidade - e nos mobilize para em 2013 comemorar, com grandeza e dignidade, os trezentos anos da Vila de São João del-Rei. A quarta unidade administrativa instituída em Minas Gerais, no alvorecer do século XVIII, em 8 de dezembro de 1713. 

quinta-feira, 13 de dezembro de 2012

Uma homenagem do Rei do Baião a São João del-Rei. E vice-versa...


Nos primeiros anos da década de 30 do século XX, Luiz Gonzaga, ainda muito jovem, serviu o Exército em São João del-Rei.

Na cidade da música, era corneteiro, Bico de Aço, como o apelidaram. Como gratidão a tudo o que em nossa cidade viu, viveu e aprendeu, gravou, em seu primeiro disco, lançado em 1941, a música Saudade de São João del-Rei.

Passados mais de 70 anos, nestes dias em que o Brasil inteiro comemora o centésimo aniversário de nascimento do Rei do Baião, ocorrido hoje, 13 de dezembro de 1912, e que São João del-Rei prepara-se para comemorar, em 8 de dezembro de 2013, os 300 anos de sua elevação à categoria de Vila, este blog apesenta abaixo mais uma música que não pode ser esquecida nas tricentenárias comemorações são-joanenses.

Aliás, vai aqui uma sugestão para o 11º Batalhão de Infantaria Montanha, antigo Regimento Tiradentes, orgulho desta terra e sempre presente nos momentos importantes e necessários de São João del-Rei: realizar uma pesquisa histórica sobre o soldado corneteiro Luiz Gonzaga e divulgá-la na forma mais adequada - publicação, exposição e outras - como participação nos festejos que serão realizados em 2013.

E, claro, realizar concertos  e retretas de sua Banda Militar tocando exclusivamente músicas do Rei do Baião. Será unir o útil ao agradável!

Clique aqui e conheça a homenagem de Luiz Gonzaga a São João del-Rei

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segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Tão antiga quanto a Vila é a Câmara de São João del-Rei: 299 anos



Criada a Vila de São João del-Rei em 8 de dezembro de 1713, no dia seguinte, 9 de dezembro, foi eleita sua primeira Câmara, sendo primeiros juízes Pedro de Morais Raposo e  o sargento-mor Ambrósio Caldeira Brant, pai do futuro contratador de diamantes Felisberto Caldeira Brant. Foram os primeiros vereadores Silvestre Marques da Cunha, Pedro da Silva Chaves e Francisco Pereira da Costa. O primeiro Procurador chamou-se José Àlvares de Oliveira.

No dia 10, ainda na Vila de São João del-Rei, o Governador da  Capitania e mestre-geral de campos dos exércitos, Dom Braz Balthazar da Silveira,passou ao capitão de cavalos João Antunes Maciel a patente de Tenente Coronel do Regimento levantado  na Comarca do Rio das Mortes. Nascido em São Paulo, em 1674, Antunes Maciel estabelecera-se na região logo depois da descoberta do ouro e, do mesmo modo que o juiz Ambrósio Caldeira Brant, teve atuação destacada em 1709 na Guerra dos Emboabas, contribuindo bravamente para a defesa do Rio das Mortes. Tal experiência muito serviu no auxílio que prestou no combate à invasão francesa ao Rio de Janeiro em 1711.

A vida de Antunes Maciel na Vila de São João del-Rei, foi bastante próspera, pois em 1717 declarou ao imposto do Quinto do Ouro ter 15 escravos e em 1718 entrou para a Irmandade do Santíssimo Sacramento.  Deixou  São João del Rei em 1723, por ter sido nomeado Intendente das Minas de Ouro de Cuiabá e Provedor da Fazenda Real,mas faleceu aos 52 anos, em 1726, quando comandava a tropa que conduzia a arrecadação do quinto do ouro de Cuiabá para São Paulo: 4 arrobas e 700 oitavas de ouro.

domingo, 9 de dezembro de 2012

Trilhas sonoras para os 300 anos de São João del-Rei

Universo da sonoridade, cidade dos sinos, terra da música. Sendo assim, rica, vasta e grandiosa pode ser a trilha sonora para os 300 anos de São João del-Rei. Ouça a música do clipe abaixo. Se você conhece São João del-Rei, vai ver que é um relato preciso, um retrato fiel. Se não conhece, não perca tempo! Venha logo conhecer...

Parabéns, São João del-Rei, a caminho de seus 300 anos


8 de dezembro de 2012. Começou a contagem regressiva para os 300 anos da Vila de São João del-Rei. Rumo a 8 de dezembro de 2013, voltemos três séculos no tempo.

O sol que anunciou em alvorada o amanhecer do dia 8 de dezembro de 1713 iluminou também uma nova era para o Arraial Novo de Nossa Senhora do Pilar do Rio das Mortes. Naquela data, o movimentado e próspero aglomerado urbano que desde 1703 se formara à sombra da Serra e às margens do Córrego do Lenheiro, tendo - semelhante a Fênix - se recomposto do incêndio que assinalara o fim da sangrenta e cruel Guerra dos Emboabas, foi elevado à categoria de Vila. Seu nome, São João del-Rei, em homenagem a El-Rey Nosso Senhor Dom João V, o "Rei Sol" português.

Nascia ali, assim, a quarta vila do ouro das Minas Gerais, conforme o Auto de Levantamento da Vila de São João del'Rey, lavrado naquela data e reproduzido a seguir:

"Anno do Nascimento de Nosso Senhor Jesus Christo de mil sete centos e treze annos, aos oito dias do mez de dezembro do dito anno neste Arraial do Rio das Mortes, onde veiu por ordem de Sua Majestade, que Deus Guarde, Dom Braz Balthazar da Silveira, Mestre de Campo General dos seus exércitos, Governador e Capitão Geral da Cidade de São Paulo, e Minas, para effeito de levantar Villa o dito Arraial; e logo em virtude da dita Ordem, que ao pé deste Auto vai registrada, o criou em Villa com todas as solenidades necessárias, levantando o Pelourinho no lugar, que escolheu para a dita Villa a contento, e com aprovação dos moradores della, a saber na xapada do morro que fica da outra parte do córrego para a parte da Nascente do dito Arraial, por ser o citio mais capaz e conveniente para se continuar a dita Villa, a qual elle dito Mestre de Campo General, e Governador e Capitão General appelidou com o nome São João del'Rey, e mandou , que com este título fosse de todo nomiado em memória de El Rey Nosso Senhor por ser a primeira Villa que nestas Minas elle dito Governador e Capitão General levanta assistindo a esta nova erécção o Dezembargador Gonçalo de Freitas Baracho, como Menistro do dito Senhor que se acha Ouvidor Geral desta dita Villa, como tão bem assistido toda a nobreza, e Povo della, e se levantou com effeito o dito Pelourinho, e ouve elle dito Governador e Capitão General por erecta a dita Villa, creando nela os Officiaes necessários, assim os Milicias, como de Justiça conducentes ao bom regimen della, e mandou se  procedesse a elleição dos pelouros para os Officiaes da Camara na forma da Ley, e de tudo mandou fazer este Auto que assignou com o dito Dezembargador, Ouvidor Geral, e eu Miguel Machado de Avelar Escrivão da Ouvidoria Geral que o escrevy - Dom Braz  Balthazar da Silveira - Gonçalo de Freitas Baracho."

Esta é a Certidão de Nascimento de São João del-Rei, em transcrição feita de registro colhido pelo dedicado e saudoso historiador são-joanense Sebastião de Oliveira Cintra.