sábado, 14 de dezembro de 2013

São João del-Rei 300 anos dá voltas no tempo e chega a 1923


Você imagina como era o funeral de um "anjinho" pobre em São João del-Rei nas primeiras décadas do século XX? Pois bem, um recibo lavrado no dia 6 de agosto de 1923 pela Empresa Funerária Paiva, instalada à Rua Nova, número 2, em nome do senhor João Batista do Sacramento, pelo funeral de seu filho Luiz, de três anos, nos dá algumas indicações.

O infante defunto era vestido com uma túnica simples, de cetim, tendo à cabeça um diadema prateado e nas mãos, um globo. A exemplo de quem dorme, tinha a cabeça repousada em um pequeno travesseiro e flores pequenas e claras contornando por dentro o caixão de "4ª classe", assemelhando-se a um Menino Jesus dentro de um oratório simples e pobre. O rosto da criança, na maior parte do tempo, ficava coberto por um lenço, que era levantado quando algum parente ou vizinho desejava fitá-lo.

As despesas incluíam também registro em cartório, com firma reconhecida e selo e pagamentos ao sineiro e coveiro, visto que por ser para uma criança menor de 7 anos, filha de um "irmão" das Almas, tinha direito a uma cova simples no cemitério daquela irmandade.

O recibo tem estampado com destaque, como um cabeçalho, o nome Alberto Bastos e anuncia que a Funerária Paiva, além de produtos e serviços relativos a sepultamento, também comercializava

                "Grande e variado sortimento de velas de cera pura, incenso 
                  e muitos outros artigos deste ramo de negócios."

Uma observação interessante é que o recibo informa ter a funerária "Telephone 38". A posse deste equipamento de comunicação, raro no início do século XX, faz crer que tratava-se de um estabelecimento próspero e moderno. Se na época a população de São João del-Rei tivesse acesso doméstico ao "telephone", certamente os são-joanenses, pioneiramente, poderiam fazer seus pedidos amargos por meio do invento de Graham Bell e receber os tristes produtos sem precisar sair de seu lar

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